Nas últimas décadas, muito do que se escreveu, disse e fez em EaD baseava-se em modelos teóricos oriundos da economia e da sociologia industrial, sintetizados nos "paradigmas" fordismo e pós-fordismo. A importância deste debate é crucial já que estes modelos criados para descrever formas específicas de organização da produção econômica têm influenciado não apenas a elaboração dos modelos teóricos, mas, a partir deles, as próprias políticas e práticas de EaD, no que diz respeito tanto às estratégias desenvolvidas como à organização do trabalho acadêmico e de produção de materiais pedagógicos.
A polêmica que opôe os modelos fordista e pós-fordista na EaD vem desde os anos 80 e gira sobretudo em torno do trabalho de Otto Peters, reitor de Universidade Aberta de Hagen na Alemanha durante os anos 70, e grande especialista de EaD. Desde os anos 70, Peters vem desenvolvendo análises das características da EaD, a partir de comparações e analogias com a produção industrial de bens e serviços que identificam nos processos de EaD os principais elementos dos processos de produção industrial agrupados no que se convencionou chamar "modelo fordista": racionalização, divisão do trabalho, mecanização, linha de montagem, produção de
massa, planejamento, formalização, estandardização, mudança funcional, objetivação, concentração e centralização (Keegan,1986).
Segundo Peters (1983), a EaD surgiu em meados do século passado com o desenvolvimento dos meios de transportes e comunicação (trens, correio), cuja regularidade e confiabilidade permitiram o aparecimento das primeiras experiências de ensino por correspondência na Europa e nos Estados Unidos. EaD é, para este autor, uma forma de estudo complementar à era industrial e tecnológica - uma forma industrial de educação -- e portanto o "ensinar " a distância é também um processo industrial de trabalho, cuja estrutura é determinada pelos princípios do modelo industrial fordista, prevalente no Ocidente desde as primeiras décadas deste século, e especialmente desde o fim da 2ª Guerra mundial, quando se estendeu para quase todo o planeta.
Dentre os princípios do modelo fordista, Peters identifica três como sendo os mais particularmente importantes para a compreensão da EaD: racionalização, divisão do trabalho e produção de massa. Além disto , o processo de ensino vai sendo gradualmente reestruturado através de crescente mecanização e automação.
A análise de Peters foi duramente criticada sobretudo por membros da Open University inglesa, instituição de grande prestígio nacional e internacional, que segundo Peters é uma experiência pioneira exemplar de um sistema desenvolvido com base em práticas fordistas (Sewart, 1983;Rumble,1995; Farnes,1993). Também os representantes da EaD da Austrália participaram intensamente do debate buscando delinear caminhos e modelos de mudança e superação daqueles baseados em paradigmas da sociologia industrial (Evans e Nation,1989 e 1992;Campion e Renner,1992; Campion,1993 e 1995; Edwards,1991e1995; Stevens,1996).
Pode-se dizer que, desde os anos 80, duas orientações teóricas ("filosofias") predominantes se afrontam ou coexistem no campo da educação em geral e da EaD em particular: de um lado o estilo fordista de educação de massa e de outro uma proposta de educação mais aberta e flexível, adequada às novas exigências sociais. Estas duas tendências coexistiam confortavelmente, mas a partir dos anos 90 - no contexto das transformações políticas e econômicas e das agendas de uma nova fase do capitalismo - a lógica industrialista (de inspiração behaviourista e de educação de massa ) começa a perder terreno sendo percebida como uma ameaça para as "qualidades menos tecnocráticas e mais humanistas" vislumbradas como possíveis a partir das teorias da pós-modernidade e de modelos pós-fordistas de organização industrial. A maioria dos estudiosos concorda que os objetivos e as estratégias de EaD estão sendo (ou devem ser) redefinidos em função de análises e críticas orientadas pelos paradigmas pós-modernos e desconstrucionistas. Esta redefinição se dá em direção à abertura e afasta-se do "behaviourismo de massa" (Stevens,1996,p.249; Campion e Renner,1992; Edwards,1995).
Segundo os especialistas australianos mencionados acima, com a crise do fordismo surgem novos modelos de produção industrial visando a incrementar sua eficiência com base no uso intensivo das possibilidades novas oferecidas pela tecnologia e em novas formas de organização do trabalho daí decorrentes: neo-fordismo e pós-fordismo (Campion e Renner,1992). O neo-fordismo, identificado como o "modelo japonês", aposta em estratégias de alta inovação dos produtos (novos produtos visando segmentos específicos do mercado) e de alta variabilidade do processo de produção ( tecnologia e flexibilização e novas formas de organização do trabalho), mas conserva do modelo fordista a estratégia de baixa responsabilização do trabalho (formas de organização fragmentadas e controladas). Um sistema de "maior exploração do trabalho no qual os empregados sofrem níveis mais altos de stress e responsabilidade" (Stevens,1995:256; Renner,1995:287).
A distinção fundamental nestes conceitos no que concerne mais diretamente o campo da educação diz respeito ao terceiro fator - a responsabilização do trabalho - que implica uma força de trabalho muito mais qualificada (capaz de tomar decisões) do que o modelo fordista ou neo-fordista. É típico das formas fordistas de organização do processo de trabalho industrial de serem "desqualificantes", ou seja de provocarem uma espécie de desqualificação do trabalhador por excesso de especialização, relacionada com a segmentação do processo em tarefas rotineiras (Evans e Nation,1992).
O modelo fordista estendeu-se para além dos limites da produção de bens de consumo, tornando-se um discurso político, uma forma de ação do estado, quase um estilo de vida:
"Os estados pretenderam responder às demandas da economia de necessidade de novos serviços, emprestando as idéias e métodos do fordismo industrial. Arquitetos progressistas tentaram aplicar os métodos de Ford à habitação, escolas e hospitais. Eles desenhavam modelos básicos e então estandardizavam os componentes e o processo de construção. A falta de variedade era justificada em termos de economia e igualdade, e tornou-se inextricavelmente ligada ao princípio de universalidade do welfare state, a disponibilidade, para todos, de direitos e serviços estandardizados. Refeições escolares, carteiras e uniformes poderiam ser produzidos e vendidos como para o exército. Este era o welfare dream fordista" (Murray, 1991;in Campion e Renner,1992:21)).
A educação não é exceção neste quadro geral de prevalência de modelos economicistas e no caso específico da EaD, trata-se de uma modalidade de educação onde os modelos fordistas mostravam-se muito adequados, tal como afirmava Peters. A partir dos anos 70, o modelo fordista de produção industrial não mais consegue assegurar o sucesso operacional, por muitas razões, notadamente: a resistência s formas tayloristas de organização do trabalho, representada pela baixa produtividade; recessões econômicas, saturação dos mercados de massa, aumento das despesas sociais, mundialização dos mercados, demanda de diversificação de produtos e viabilidade de pequenas unidades de produção pelo uso intensivo de tecnologias mais avançadas (Raggat,1993,p.23;Campion e Renner 1992,p.10).
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/artigos/educacao-a-distancia-mais-aprendizagem.php
COMO TRABALHAR LÍNGUA ESTRANGEIRA DE FORMA VIRTUAL??? FOCAREMOS NOSSOS DEBATES DIANTE DESTA, APARENTE, SIMPLES PERGUNTA.
APRESENTAÇÂO
Um grupo de discursão foi montado no intuito de debater sobre "O ensino de línguas na modalidade EAD". Os integrantes do grupo fazem parte dos dicentes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sobre orientação do professor Glaucio Machado na disciplina "Teorias da educação e da comunicação". Tentaremos mostrar diversos aspectos do ensino de uma língua estrangeira nesta modalidade, bem como apresentar possíveis ferramentas que possam garantir a eficácia de um curso de línguas de maneira virtual.
Somos seis os integrantes deste grupo discursivo:
Robson Azevedo Costa (Letras Espanhol)
Alana Najara de Menezes Gois (Letras Espanhol)
Valter Santos Lobo (Letras Espanhol)
Tamires Oliveira (Letras Espanhol)
Maria Simone Leal de Jesus (Administração)
Alisson Pinheiro Rodrigues (Administração)
Atualmente o blog está sobre responsabilidade exclusiva de Robson Azevedo Costa, e aqui ampliaremos nossos debates sobre "O ensino de língua espanhola em ambientes virtuais".
Somos seis os integrantes deste grupo discursivo:
Robson Azevedo Costa (Letras Espanhol)
Alana Najara de Menezes Gois (Letras Espanhol)
Valter Santos Lobo (Letras Espanhol)
Tamires Oliveira (Letras Espanhol)
Maria Simone Leal de Jesus (Administração)
Alisson Pinheiro Rodrigues (Administração)
Atualmente o blog está sobre responsabilidade exclusiva de Robson Azevedo Costa, e aqui ampliaremos nossos debates sobre "O ensino de língua espanhola em ambientes virtuais".
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